‘Hidrogênio é caminho para colocar o CE em nova plataforma econômica’

26 de julho de 2021 - 16:47

Luiz Pedro Bezerra Neto - Ascom Seplag

No debate sobre o hidrogênio verde no Ceará, tema do webinar desta sexta-feira, dia 23, o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, falou sobre os encaminhamentos que estão levando o Ceará a uma nova plataforma econômica. “O Ceará é um estado de enormes desafios, que trabalha para criar condições de enriquecer o seu desenvolvimento, sobretudo em busca de uma economia nova, mais inclusiva e sustentável”. Segundo ele, o Estado tem procurado atrair grandes investidores do mundo para construir uma parceria que venha contribuir para o desenvolvimento do Ceará, colocando-o no caminho das oportunidades para o seu povo, para o crescimento, e para a superação das profundas desigualdades.

Ao ressaltar a importância do hub de hidrogênio para a economia do Estado, Maia Júnior lembrou que em 2018, quando era Secretário do Planejamento e Gestão, levou ao governador Camilo Santana uma proposta de mudanças e aperfeiçoamento das políticas de gestão públicas do Estado. “E entre elas tinha a transformação do setor econômico. Lançamos então o Ceará 2050 que preconiza uma estratégica de crescimento da política de desenvolvimento e também do nosso PIB para os próximos 30 anos”.

Na segunda gestão do Governo Camilo Santana, Maia Júnior assumiu a Sedet, onde logo no primeiro ano teve início o debate da questão do hidrogênio verde, apoiando inicialmente um projeto para produzir, a partir do hidrogênio verde, hidrocarbonetos para a aviação. Com novos estudos sobre o projeto surgiram propostas que poderiam transformar os cenários econômicos do Ceará e do mundo em função do Acordo de Paris, com o comprometimento das principais nações do mundo, no firme propósito de descarbonizar a camada de ozônio da atmosfera para proporcionar sustentabilidade e futuro melhor.

Maia Júnior destacou a relevância da parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) para o hub do hidrogênio. “Em fevereiro passado celebramos, pioneiramente, a iniciativa ao lançarmos o protocolo para transformar o Ceará em um grande polo de hidrogênio verde no Brasil e no mundo”, comemorou o secretário. Foi o passo inicial para atração da primeira empresa, a australiana Energix Energy, que se propôs a fazer uma planta com um investimento de 6,5 bilhões de dólares no Ceará.

“Com isso, o Ceará ganhou enorme dimensão e visibilidade com grandes empresas mundiais se voltando para o Estado, demandando não só a aceleração dessas ações e estímulos, mas também negociações de protocolos para investirem no programa de produção de hidrogênio verde, principalmente para exportação”, ressaltou o titular da Sedet. Hoje, segundo ele, além da Energix Energy, o Governo do Ceará tem protocolos assinados com um grupo americano da Linde White Martins, com os franceses da Qair, e com a australiana Fortescue Future Industries, a quarta maior empresa de mineração do mundo.

Maia Júnior disse ser um trabalho onde estão irmanados o Governo do Ceará, a FIEC e a UFC, “para acolhimento a essas empresas sob a liderança do governador Camilo Santana, que é um dos grandes entusiastas desse programa em que o Ceará demonstra, mais uma vez, ser protagonista, não só de uma inteligência diferenciada de políticas públicas e boas práticas, mas sobretudo, de políticas inovadoras”.

Como havia anunciado no início da apresentação, o secretário da Sedet precisou se ausentar para acompanhar o governador Camilo Santana na assinatura de um protocolo para instalação de uma empresa do Rio Grande do Sul no município de Crateús. Na sequência assumiu a palavra o secretário executivo da Secretaria da Infraestrutura, Adão Linhares.

Grande exportador

Ele lembrou que desde 1996, o Ceará passou a trabalhar a longo prazo a ideia de utilizar a energia renovável, aproveitando o recurso dos ventos para os primeiros projetos comerciais de energia eólica, “por conta da natureza normal do Ceará com ventos abundantes e intensos, sempre numa mesma direção”. Outro fator importante, segundo ele, é a logística do Porto do Pecém em posição estratégica em relação ao mundo.

Citou os aspectos de infraestrutura que tornam o Ceará competitivo, além do capital humano de tecnologia formado pelas universidades para dar sustentação a qualquer projeto de desenvolvimento e crescimento nesse aspecto. Segundo Adão Linhares, o Ceará está na dianteira do hidrogênio verde, podendo vir a ser o grande exportador em termos de hidrogênio verde, o grande hub para o mundo.

Planeta sustentável

O primeiro debatedor a se manifestar foi o consultor de energia da FIEC, Jurandir Picanço, que confirmou a expectativa de que o Ceará vive agora uma grande oportunidade nesse movimento global de tornar o planeta sustentável porque o principal fator de risco é a emissão de gases de efeito estufa. Os países determinaram que precisamos evitar e reduzir a emissão desses gases e esses países não dispõem em seus territórios de energia renovável suficiente para essa transformação.

“As pesquisas então apontaram que o hidrogênio poderá fazer esse papel de transportar energia de regiões que têm grande potencial de energia renovável para aqueles que não dispõem de todo esse potencial. E o Brasil está na condição ideal para isso”, acentuou. O hidrogênio passou a ser o coringa que vai servir para a transformação com relação a redução da emissão de gases do efeito estufa.

Ao concluir, Jurandir Picanço apontou o que chamou de tesouros do Ceará. “Primeiro o Ceará, considerando o litoral, está no Centro de gravidade do Nordeste que é essa grande jazida de energias renováveis, tanto eólica quanto solar. O Ceará também em termos estratégicos está a uma distância de 12 dias de navegação para o Porto de Roterdã, que quer se transformar no principal porto importador de hidrogênio da Europa”.

Outro ponto importante, segundo ele, é a Zona de Processamento e Exportação (ZPE) do Ceará, a única em operação no Brasil, que dará benefícios fiscais para os empreendedores que ali se instalarem, como já está a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). E, por fim, a sociedade com o Porto de Roterdã, na Holanda.

Fontes alternativas

O outro debatedor foi o professor Maurício Benegas. Para ele o Ceará sempre foi punido exatamente por suas características geográficas. “O Nordeste, de um modo geral, sempre sofreu com a escassez de água e esteve distante do centro onde começou o desenvolvimento econômico no Brasil, como o Sudeste, o Sul e mais recentemente o Centro-Oeste. Isso causou o aumento das desigualdades regionais”.

Mas parece que isso vai mudar. “A história de que o Ceará é um estado pobre e que está condenado mudou completamente. Não temos as fontes tradicionais para geração de energia elétrica, mas a tecnologia virou, permitindo que se extraísse energia elétrica da energia cinética que é o movimento do vento e da energia solar. São duas coisas que temos bastante. Então você vai ter energia sendo gerada por fontes alternativas o tempo todo”.

Uma nova era

Moderador do debate, promovido pelo Observatório do Federalismo Brasileiro (OFB), vinculado à Secretaria do Planejamento e Gestão”, com apoio da Funcap, o secretário executivo da Seplag, Flávio Ataliba, destacou ser o hub de hidrogênio verde uma grande novidade. “É um momento muito importante para o Ceará. Podemos inaugurar uma nova era na questão energética”.