Secretário Cialdini analisa cenário econômico no 1º Encontro do Secretariado de Fortaleza

18 de março de 2025 - 10:44 # # # # #

TEXTO: Raquel Mourão - Ascom Seplag | FOTOS: Dennis Moraes - Ascom Seplag

Na última sexta-feira (14), a sede do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), no bairro Passaré, foi palco do 1º Encontro do Secretariado de Fortaleza. Um dos destaques do evento foi a palestra “Dados Relevantes do Cenário Mundial, Nacional, Estadual e Municipal”, conduzida pelo secretário do Planejamento e Gestão do Ceará, Alexandre Cialdini. Ele apresentou um panorama do cenário político, fiscal, econômico e tributário para o Brasil, com ênfase na realidade de Fortaleza. Também apontou os desafios para este ano e indicou a governança interfederativa como um caminho para superá-los.

Cialdini iniciou a apresentação destacando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que superou as expectativas do mercado e atingiu 3,4% em 2024. Ele também analisou o  mercado de trabalho e a inflação. “Houve essa expansão, com destaque para serviços (3,7%) e indústria (3,4%), pelo lado da oferta, e para os investimentos (7,2%) e consumo das famílias (5,3%), pelo lado da demanda. A taxa de desemprego apresentou queda, chegando ao menor resultado da série (6,2%). Já o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) fechou em 4,83%, pressionado por choques cambiais, climáticos e commodities. Os principais aumentos foram registrados nos preços de alimentos (8,2%) e bens industriais (3,4%)”, explicou.

O secretário afirmou que a contenção da alta de preços nos alimentos passa pelo fortalecimento da produção agrícola, com investimentos estratégicos e medidas estruturais que reduzam custos e aumentem a eficiência do setor. “Precisamos aproveitar melhor nossas safras. Batemos recordes de produção, mas também de desperdício, e boa parte disso está relacionado à armazenagem de grãos. O investimento em infraestrutura, como portos secos e silagem, pode garantir maior conservação e reduzir perdas”, enfatizou. Ele também comentou sobre a necessidade de capacitação para trabalhadores rurais.

Contas públicas e tributação

Outro ponto da palestra foi a situação fiscal do país. Segundo Cialdini, o déficit primário de 2024 fechou em R$ 43 bilhões (-0,36% do PIB) e poderia ter sido revertido com a reoneração de alguns setores e maior controle dos gastos públicos. A carga tributária acumulada em 2024, acrescentou o gestor, superou a de 2023 em 1,5%. “Esse aumento foi causado pelo retorno da tributação da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social  (Cofins) sobre os combustíveis, pela alta generalizada da alíquota modal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além do crescimento da arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) e do Imposto de Renda”, disse.

O secretário também abordou a reforma tributária, que busca simplificar o sistema fiscal do país e promover uma tributação mais justa. Ele ressaltou que a unificação do ICMS e ISS no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a substituição do PIS e Cofins pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) são mudanças estruturais que exigem planejamento. “Fortaleza pode enfrentar perdas na arrecadação do IBS, e é fundamental elaborar estratégias para mitigar esses impactos”, alertou.

No contexto global, Cialdini destacou que as principais economias avançadas enfrentam um processo de desinflação, mas desafios persistem. Entre os fatores de risco, ele apontou o protecionismo dos Estados Unidos e a desaceleração da economia da China, que podem afetar o comércio internacional. Além disso, o dólar apresentou desvalorização em relação ao real ao longo de 2024, enquanto medidas tarifárias da política econômica do governo Trump impactaram setores estratégicos para o Brasil, como a indústria do aço e alumínio.

Governança interfederativa e inovação

A palestra também reforçou a importância da cooperação entre governos estadual e municipal, incluindo investimentos em base cadastral e inteligência artificial na gestão pública. Cialdini destacou a necessidade de estimular arranjos produtivos locais e criar distritos de inovação em saúde. Ele citou a cardiologia digital como um exemplo de tecnologia capaz de reduzir custos hospitalares, otimizar diagnósticos e salvar vidas. “A inovação e o desenvolvimento são essenciais para fortalecer Fortaleza e o Ceará em um contexto de transformações globais.”

Além disso, foram apresentadas referências internacionais, como a agência de desenvolvimento econômico Barcelona Activa, que reúne setor público, empresas e universidades para promover capacitação profissional e geração de empregos. 

Por fim, o secretário sugeriu a implantação de um polo de tecnologia e inovação em saúde no Campus do Porangabussu da Universidade Federal do Ceará, localizado no bairro Rodolfo Teófilo. “Os benefícios incluem redução de custos hospitalares, desenvolvimento de novas tecnologias médicas e práticas inovadoras para o SUS, além de maior agilidade no diagnóstico e tratamento de doenças raras”, explicou.

Segundo Cialdini, o distrito de inovação também integraria mais de 300 cursos de pós-graduação com indústrias e empresas ligadas à saúde. Também promoveria a geração de emprego e aumento da renda média familiar dos habitantes e trabalhadores da própria região. “A estimativa é que o complexo gere cerca de 5 mil empregos de alta qualificação técnica nos primeiros cinco anos”, concluiu Cialdini.