Ceará cria projeto-piloto para valorizar e apoiar servidores em abono de permanência

6 de novembro de 2025 - 17:38 # #

TEXTO: Dháfine Mazza - Ascom Seplag | FOTOS: Dennis Moraes - Ascom Seplag

Ao iniciar a vida profissional, o trabalhador já tem em mente que, seguindo o percurso previsto, a aposentadoria será a sua — muitas vezes tão sonhada — linha de chegada. No entanto, ao se aproximar desse marco, é comum que surjam sentimentos de insegurança em relação à decisão e às mudanças que essa nova fase trará à vida. Para auxiliar seus servidores nessa transição, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag-CE), lançou, nesta semana, em seu auditório, o projeto Entre Tempos.

Liderados pelas secretarias executivas de Gestão de Pessoas (Sexec-PES) e de Planejamento e Gestão Interna (Sexec-PGI), o projeto foi elaborado pela Coordenadoria de Promoção da Qualidade de Vida do Servidor (Copai) e será implementado em fase piloto para os servidores da Seplag-CE que estão em abono de permanência — já podem se aposentar, mas decidem permanecer no cargo e recebem de volta o valor da contribuição previdenciária como abono de permanência.

Ao abrir o evento, a secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna da Seplag-CE, destacou a relevância da iniciativa. “A Constituição Federal de 1988 estabelece que é dever do Estado assegurar condições dignas de trabalho, inclusive no momento de desligamento do servidor. É nessa perspectiva que convidamos as pessoas que já recebem ou que se aproximam do abono de permanência a conhecerem o Entre Tempos, iniciativa que valoriza trajetórias e prepara com respeito e acolhimento o processo de transição para a aposentadoria. O projeto oferece uma oportunidade de reflexão para essa transição, mesmo que a nossa opção seja a de não se afastar agora”, disse.

A coordenadora da Copai, Guirlanda Ponte, reforçou que o Entre Tempos não é um estímulo à aposentadoria, mas um convite para refletir o projeto pessoal de vida de cada servidor que se aproxima dessa transição. “A gente deve e pode continuar trabalhando, seja no local onde estamos ou em outro lugar. O projeto Entre Tempos busca fomentar essa reflexão entre os servidores em abono de permanência: ‘Estou feliz fazendo o que eu faço?’. Pensar sobre isso é importante. Se não estou feliz, como vou fazer um bom trabalho e transformar a vida de outras pessoas? Essa é uma das reflexões que precisamos fazer diante da proximidade da aposentadoria. O projeto não é um estímulo à aposentadoria. Queremos que os servidores fiquem, mas fiquem bem”, afirmou.

De acordo com a psicóloga da Copai, Carla Valéria, o Entre Tempos tem entre seus objetivos mapear o perfil dos servidores que estão em abono de permanência, estimulando reflexões sobre essa fase de transição profissional e de vida.

“Queremos também trabalhar a memória institucional e fortalecer o sentimento de pertencimento, valorizando as trajetórias construídas ao longo dos anos e preparando, com cuidado e reconhecimento, o momento de passagem para uma nova etapa. A aposentadoria não deve ser uma preocupação exclusiva do trabalhador. Deve ser um compromisso ético institucional das instituições públicas e privadas. Foi nessa perspectiva que a Copai pensou o projeto Entre Tempos, pensando na valorização do legado construído e no respeito à autonomia na construção desses projetos de futuro”, declarou.

Saiba mais

O projeto será realizado por meio de encontros presenciais conduzidos pela equipe técnica da Copai, formada por assistente social e psicóloga, em parceria com o Laboratório de Estudos sobre o Trabalho da Universidade de Fortaleza (Unifor).

As atividades, que incluirão rodas de conversa, dinâmicas e momentos de reflexão, abordarão temas como autoconhecimento, memória institucional, reinserção profissional, empreendedorismo, saúde emocional e planejamento para o futuro.