Webinar debate mais um trabalho produzido por pesquisadores do Programa Cientista-Chefe

8 de setembro de 2021 - 10:11 # # # # #

O webinar do Observatório do Federalismo Brasileiro (OFB), realizado na manhã da última sexta-feira, dia 3, voltou a tratar de trabalho científico produzido por pesquisadores do Programa Cientista-Chefe em Economia da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

O professor Christiano Modesto Penna, doutor em Economia pelo CAEN/UFC, apresentou o tema “Analisando Efeitos de Choques Agregados em Economias Regionais”, pesquisa elaborada em parceria com os professores Victor Borges e Wellington Gomes, e com a doutoranda do CAEN, Isadora Osterno, que elabora sua tese com foco nessa pesquisa.

O primeiro trabalho de pesquisadores do Programa Cientista-Chefe que teve seus resultados parciais debatidos em webinar do OFB foi “A Condição Fiscal dos Municípios Brasileiros e o Enfrentamento da Pandemia”, no último dia 20 de agosto, apresentado pelo professor de Economia da UFC, Rafael Barros Barbosa.

Na abertura do webinar da última sexta-feira, o moderador Maurício Benegas lembrou que todas as sextas o Observatório traz assuntos de conjuntura, que são mais abertos ao público em geral, como também assuntos mais técnicos e científicos. “Hoje teremos a apresentação de um trabalho que já faz parte dos resultados obtidos por um dos grupos de pesquisa que estão sob a supervisão do programa Cientista-Chefe em Economia que lidera o Comitê Gestor do OFB”, anunciou Benegas. “A partir de agora será mais frequente esse tipo de trabalho, onde os pesquisadores do OFB vão apresentar parte dos resultados das pesquisas em andamento”, reforçou.

Conforme o moderador, o professor Chistiano Modesto Penna “falará sobre modelos de equilíbrio geral utilizados para previsão de choques, de resultados agregados, sobre a economia do Ceará”. Para debater o tema com o Chistiano Penna foram convidados Rafael Chaves Santos, economista sênior do Banco Central, e Marcelo Arbex, Phd em Economia pela Universidade de Illinois, Urbana-Champaign e professor do Departamento de Economia da Universidade de Windsor, no Canadá. “São duas pessoas de altíssimo gabarito técnico para a discussão em torno do trabalho do Christiano”, destacou o moderador.

Avaliar reflexos

O palestrante explicou que a ideia geral do trabalho no Observatório é elaborar um modelo para simular impactos de políticas macroeconômicas no Ceará. “Essa foi a principal motivação que gerou o desenvolvimento todo dessa pesquisa. É um trabalho que estamos avançando aos poucos, mas já temos alguns resultados que achamos interessantes”. frisou.

Segundo ele, é importante avaliar os reflexos, por exemplo, do fim do auxílio emergencial, avanço da inflação, alta no preço da gasolina, queda no investimento estrangeiro, desemprego recorde e alta do dólar sobre a economia cearense. “O que acontece com as variáveis macroeconômicas regionais (PIB e emprego) quando a gente está sofrendo o choque que afeta a economia como um todo”. Outro ponto destacado foi saber quais os impactos sobre despesas e arrecadação do estado, “o que é extremamente importante para que possa servir para o Governo do Estado. É um trabalho com bastante enfoque acadêmico mas tem que servir para o Governo”.

Para a pesquisa, “a gente procurou um modelo mais novo clássico. Então decidimos trabalhar com o modelo Samba, primeiro por ser de curto prazo e pela enorme quantidade de choque que consegue absorver”. Salientou Christiano que o interessante do Samba é que permite analisar as questões de curto prazo, o que é importante para a secretaria. “Ele propõe análise para diversos tipos de políticas. É um modelo de pequena economia aberta, com autoridade monetária e fiscal”.

Informou o palestrante que “Costumo colocar o Samba dentro da estrutura onde temos diversos tipos de choques, como choques fiscais na carga tributária, superavit sobre o PIB, na política fiscal, choques monetários na política de inflação, taxas de juros, choques internacionais, taxa de câmbio, demanda por importados e exportados, inflação no resto do mundo, preços relativos nas importações, taxa de juro internacional, PIB do resto do mundo, prêmio de risco doméstico e prêmio de risco país”. Conforme justificou, “É um modelo que consegue abarcar diversos tipos de choques e, como sabemos, volta e meia a nossa economia sofre um grande choque agregado. Temos uma enorme quantidade de choques agregados e queremos prover informações para o gestor de como esses choques vão influenciar na economia regional”.

Christiano Penna explicou ainda que o modelo é uma versão um pouco modificada do Samba, onde boa parte da estrutura teórica é mantida, mas já realizamos algumas pequenas alterações. “Nosso modelo difere um pouco em termo de tratamento das variáveis observadas, tratadas de uma maneira um pouco diferente. Então o nosso modelo está relativamente bem ajustado”. Segundo ele, “esse modelo macro é capaz de simular bem os efeitos de choques agregados e aí tentamos explicar como a gente agora analisa os efeitos desses choques agregados na economia do Ceará”.

Ao concluir, Christiano Penna, frisou que a ideia geral é tentar dar um pouco de respaldo para os gestores de políticas públicas, “mostrar de que maneira os choques agregados seriam capazes de afetar a economia nacional e mostrar que estamos gerando uma ferramenta de previsão para o Governo do Ceará extremamente importante”.

Adiantou que o grupo pensa ainda em fazer vários avanços, algumas modificações. “Queremos ampliar a modelagem regional, dar maior rigor ao lado público e fiscal. Gerar previsões com leituras mais fáceis para os gestores públicos, isso é extremamente importante. Precisamos munir os gestores desse tipo de informação de fácil leitura”, antecipou. “Às vezes vemos muita coisa dentro da economia e não conseguimos passar isso para quem está do outro lado. E estamos trabalhando de como fazer isso de uma melhor maneira”, pontuou.

O debate é promovido pelo Observatório do Federalismo Brasileiro (OFB), da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), e tem o apoio do programa Cientista Chefe em Economia da Funcap.