Produtividade do trabalhador cearense cresce 2% ao ano e supera índice nacional
29 de abril de 2019 - 11:06
A taxa de produtividade do trabalhador cearense, entre 2004 a 2016, cresceu 2% ao ano e ultrapassou o crescimento nacional, que ficou em 0,9%. No estado, o valor passou de R$ 25,5 mil para R$ 32,2 mil (incremento de R$ 6,7 mil), excluindo os segmentos de serviços imobiliários e aluguéis. Tanto na indústria quanto no setor de serviços (dois dos três setores – junto com o de agropecuária – que formam o Produto Interno Bruto), a taxa foi melhor que a do Brasil. O bom desempenho cearense ocorreu, sobretudo, em consequência da melhoria da escolaridade do trabalhador verificada nos últimos anos.
As constatações são da pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) e coordenadora do Boletim Macro Ibre, Silvia Maria Matos, ao abordar o tema “Dinâmica da Produtividade do Trabalho no Ceará”, no Fórum Ceará em Debate, que aconteceu na manhã desta sexta-feira (26). O evento comemora os 16 anos do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), ligado à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (Seplag). Os resultados da pesquisa também apontam para uma melhora nos anos médios de estudo no Ceará, inclusive em ritmo mais acelerado do que no Brasil. Entre 2015 e 2018, a escolaridade média – excluindo trabalhadores da APU (administração pública) e dos serviços imobiliários – passou de 7,7 para 8,5 anos de estudo. Um aumento de 0,8 anos de estudo. Já no Brasil, a elevação foi de 0,5 anos de estudo, passando de 8,8 para 9,3 entre 2015 e 2018.
“Como esperado, quando avaliamos a produtividade por hora trabalhada, o crescimento da produtividade foi superior tanto no Brasil, como no estado do Ceará. Entre os anos de 2004 a 2016 a produtividade por hora trabalhada da economia brasileira cresceu, em média, 1,4% ao ano. Na economia cearense o crescimento foi de 2,7% ao ano” – observou Silvia Matos durante a palestra, ao mostrar as principais conclusões do estudo realizado, mediante parceria do Ibre (FGV) e Ipece, que teve como objetivo calcular a produtividade setorial do trabalho e os indicadores condicionantes que possam contribuir para a análise do desempenho setorial da economia cearense. O estudo – inclusive – foi concluído em janeiro deste ano e integrou o Projeto de Apoio ao Crescimento Econômico com Redução das Desigualdades e Sustentabilidade Ambiental do Estado do Ceará – Programa para Resultados (PforR), em parceria com o Banco Mundial.
A pesquisadora observa que é possível notar uma convergência de produtividade entre o Ceará e o Brasil: a razão de produtividade entre a economia cearense e o país como um todo passou de 51,9% em 2004 para 58,7% em 2016. Outra questão abordada no trabalho foi identificar como está o Ceará no processo de transformação estrutural, ou seja, se ha ainda espaço para ter ganhos de produtividade oriundos da realocação setorial do emprego, de setores menos produtivos para os mais produtivos. “De fato, apenas 22,6% do aumento da produtividade do Ceará observado entre os anos 2004 e 2016 pode ser explicado em pelo efeito composição (realocação de trabalhadores entre os setores). O principal fator que gerou este crescimento advém do efeito nível: 77,4% do aumento da produtividade do trabalho no Ceará foram decorrentes do efeito nível (ganho de eficiência produtiva intrasetorial)”.
O estudo constatou, após análise relacionando o desempenho da produtividade do trabalho em relação à escolaridade média da população ocupada alocada em cada um dos setores e com relação taxa de informalidade, que há “forte correlação positiva entre a produtividade do trabalho agregada e anos médios de estudo da população ocupada, e forte correlação negativa entre a produtividade do trabalho agregada e taxa de informalidade”. O resultado da análise , segundo Silvia Matos, mostra que o Ceará se encontrava acima da linha de tendência, indicando que produtividade dos serviços do Estado, nestes setores, era maior do que a prevista para estados com nível de informalidade similar.
Ela também chamou a atenção para o fato de que, diferentemente do que ocorreu nas demais atividades analisadas, nos serviços tradicionais, em 2015, o Ceará localizava-se acima da linha de tendência, indicando que a produtividade dos serviços tradicionais do Estado era maior do que a prevista para estados com nível de escolaridade similar no setor. No que diz respeito a este panorama no setor de serviços tradicionais frisou -, “observamos uma melhora no Ceará, dado que em 2004 ele se encontrava abaixo da linha de tendência. Esta melhora também foi observada no agregado do setor de serviços”.
Fórum
Promovido pelo instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado do Ceará, o Fórum Ceará em Debate, edição especial em comemoração aos 16 anos do Instituto, completados no último dia 14, foi aberto pelo diretor Geral do Instituto, João Mário de França, que agradeceu a presença de todos. O ex-diretor do Ipece, professor Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto, secretário Executivo de Planejamento e Orçamento da Seplag, falou da importância do evento, que promove uma ponte entre universidades e Governo do Estado, juntamente com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Inclusive o presidente da Fundação, Tarcísio Haroldo Cavalcante Pequeno, também prestigiou o Fórum.
Antes da palestra da pesquisadora Sílvia Matos (Ibre/FGV) ocorreram apresentações de pesquisas do Centro de Análise de Dados e Avaliação de Políticas Públicas (CAPP), com apoio da Funcap, que abordaram os temas “Avaliando a importância do setor público no desempenho das empresas exportadoras cearenses”; “Avaliação comparativa da eficiência da gestão pública do Ceará”, com Ricardo Brito Soares; “Avaliando as políticas públicas de enfrentamento da pobreza no estado do Ceará”, com Vitor Hugo Miro Couto e Silva e Zilânia Mariano, e “Projeto Cientista-Chefe de Dados”, com José Soares de Andrade Júnior.